Saturday, November 25, 2006

vagabundos em omnipotência,
loucos varridos em sã consciência,
pérolas sujas e encrostadas
do cego manto da obediência;

Sou aquele que traz a paz - diz ele.
Sou aquele que traz a dor;
Sou aquele que traz a chama e castigo,
Sou aquele a quem devem louvor.

amargo desalento da rotina,
do ser que muito vê e não imagina,
indesejada felicidade aprisionada
da alma pura e em ruína;

E eu? Eu sou a miséria!
Sou a descrença e solidão incolor;
Sou o homem a quem ninguém chama amigo,
Sou aquele que nunca teve amor.

oh! utopia desajustada!
a este mundo não devemos nada,
para além ou aquém será justiça feita
com o perdão do senhor ou a lâmina de uma espada!

Eu, eu sou o poder! Eu, eu, e apenas eu.
Sou teu guia, teu mestre e teu aprendiz.
Sou a tua prisão, teu passado e teu destino,
Sou a doce ilusão que te faz feliz.

curiosidade? blasfémia, ofensa e pecado!
mal-dizeres e mal-pensares dum ser mal-amado.
em causa e dúvida não há escolhidos,
a casa da luz não acolhe um desorientado.

Sou a salvação,
o cavalgar do tempo que urge desesperado.
sou o doce vazio após o milagre do nada,
sou a repulsa ao inevitavel.

oh, do que nos vale lutar e gritar?
todos sabemos que é inútil questionar,
o mundo gira e nada liga ao nosso querer,
giremos com ele, não vale a pena querer mudar.

Quem és tu? Perguntou ela.
Sou o medo, fiel amigo e companheiro.
Ao teu lado ficarei, de grande ajuda serei,
e do rebanho alheio terás sempre receio.

Eu... Sou um homem!
As sete faces de um sonhador,
carcaça morimbunda no teatro de fantoches
e vivo os meus credos com fervor.



[11/2006]
André França

Sunday, November 05, 2006







e vejo e vagueio e relembro,
não sei se será saudade
ou uma transposição intemporal daquilo que foi felicidade
e plenitude e paixão e ardor ajedctivos inúteis.
oh, pudera eu voltar ao passado,
olhar para a cama desfeita e janela semi-aberta
o momento de perfeição coberto de pelos brancos de gato em roupas pretas;
poder tocar no futuro e deitar-me no presente
como se do eternamente se tratasse,
e num leve suspiro dum tardio acordar,
de um abraço perdido e de um beijo que ficou por dar,
dizer
que conheço o amor.

André França - 06/11/2006


0.
Não é solidão, é angústia,
saturação...
Sensação de estar preso e de querer sair,
de ter mil e uma coisas para contar
e ninguém para ouvir...
De estar sozinho numa núvem onde ninguém alcança,
e às vezes tentar descer, viver, aproveitar
e ver-me a cair para cima
como quem não estava no seu lugar

É querer construir um degrau maior
mas não ter bases onde apoiar
não ter uma núvem num andar superior
para poder me orientar
criticar
ensinar...

Sinto falta de um espelho
em cores negativas

I
Fartei-me de cores escuras,
de dúvidas, medos, angústias.
Sigo em frente como quem nada quis
e por nada querer,
tudo conseguiu alcançar.

Sigo sem ambições,
mas com objectivos...
Sem ânsia de chegar
mas com receio de ficar...
Porque sei que o presente
é a transição entre o passado e o sempre,
e por mais que olhemos para o passado
ele não olhará por nós.

Sigo sem orgulho,
mas com a cabeça erguida!
Porque acredito no que sei,
mas acredito ainda mais no que não sei
e no que virei a saber,
crio mais nas minhas dúvidas
do que nas minhas verdades.
Porque verdades são um estado estacionário
entre o que um dia foi dúvida
e um dia poderá a ser certeza,
e as dúvidas constroem caminhos
entre os mares da possibilidade,
longe de abismos dogmaticos

Sigo porque sei criticar-me,
sigo porque sou independente,
porque acredito, sobretudo, porque acredito em mim

II
Quero repetir
nesta montanha russa sentimental
quero subir novamente
entre euforias e tristezas
amores e desamores
permanece a sensação de que vivi
e soube ser
para além de existir

o azul ardente de um olhar que penetra,
o gélido rubro de um toque que aquece,
lábios que se tocam sob um vivo luar,
corpos que juntos se movem
no doce acto de amar...

a tristeza afogada de um Adeus indesejado,
a serena mágoa de uma memória inapagada,
uma imagem, um cheiro, sensação que não retornará,
lindas lembranças tortuosas
de algo que não se repetirá...

Onde está a beleza,
se não na efemeridade?
Se o agora para sempre durasse,
não seria agora,
seria um passado desdobrado em futuro
com gotas de alienação a contornar as margens do sentir

III
Um rio de felicidade, alegria descontrolada,
um ardor electrico de algo que não consigo explicar,
uma chama de sentimentos explosivos e destrutivos
mas ao mesmo tempo construtivos e criativos,
algo transitório, mas eterno em sua intensidade.

Os dedos tremem como se frio tivessem,
baloiçam loucamente, impacientemente,
os dedos q outrora enxugavam lágrimas de mágoas
agora formam o compasso duma dança psicadélica
só por esta demente euforia explicável,
que aidna sim permanece incontrolável.

E nas palavras vejo briquedos,
posso usa-las, agrupa-las, manipula-las
porque objectivas são monótonas, e estáticas, inúteis...
Mas na insanidade brilham no seu explendor,
na subjectividade fazem surgir um novo eu,
uma nova frequência inexplorada do meu ser,
novas portas para abrir, e novas formas de viver.

E os ruidosos sons de uma música cintilante
complementam-se numa explosão de sentimentos e vida,
o mundo gira, ganha cores, as palavras circulam
como se o tempo parasse para esta loucura enriquecida
por esta alienação, não querida,
mas desejada...

IV
Cintilam flashes luminosos
como ideias perdidas num mundo de emoções,
ilhas isoladas de alguém racional
que se perdeu nos prazeres das paixões...

Lá está uma ideia ou outra
ansiosa por socorro,
outrora uma concepção delineada da realidade,
agora fragmentos de alguém que não sabe o que quer ser
e não quer ser aquilo que sabe...

Na ansia de um espelho inverso,
sobra a imaginação, maior dádiva humana...
Separam-se as múltiplas personalidades de uma mente conturbada
e cada uma ganha vida, numa explosão exoenergética
que só liberta demência, conflictos, e conclusões incomopreensíveis...

Quando o silêncio é o melhor ouvinte,
grita-se para dentro
a espera que alguém oiça,
e ecoa o som de uma voz desesperada,
um desassossegao inexplicável,
os loucos desabafos
de uma mente conturbada...

V
Não, não quero deixar-me afogar...
Tanto a ver, tanto a conhecer, tanto a pensar...
Mas reina em mim um sentimento de imediatismo,
e tomo por amanhã uma incerteza
mais improvável do que possível
uma angústia que me conduz para um abismo
onde deposito pensamentos e sonhos e desejos e objectivos e obcessões e ambições e amores e a vida...
Porque o agora não é uma vida,
é apenas agora...

VI
As equações já não fazem sentido,
troco o real pelo que imagino
troco o racional pelos quadros que pintos
em palavras sem segmento,
em desabafos cheios de tormento...

Não sei de onde esta fúria provém
e não especulo onde terminará,
mas deixo-me guiar pelo agora
e espero para ver
onde isto culminará...

As palavras não me faltam,
linha após linha vejo o invisível
e sinto o que não existe,
mas se sinto, para mim existe...
E se existe e não existe,
onde está o real e irreal?

Já não consigo fazer a distinção
entre fictício e perceptível,
sinto os sentimentos a fluirem
e transformarem-se em sentido,
reflexões transformam-se em parabolas
num looping incansável que culminam no mesmo ponto,
o agora, aquele que me aprisiona...

VII
Não desejo parar...
mas quero
na luta entre duas faces de um ser,
quem ganha? ele mesmo?
Só sobram derrotas e cicatrizes...

Talvez lições, e a saudade da anestesia
e alienação...

encontrei o meu espelho,
esteve sempre dentro de mim...



André França - 29/12/2005

Tuesday, March 07, 2006

Epistemology, no theology!

outro artigo da série:
http://theoreticalutopia.blogspot.com/2006/03/sesso-de-atormento-de-almas-alheias.html

2 é divisor de 120
3 é divisor de 120
4 é divisor de 120
5 é divisor de 120
6 é divisor de 120

Logo, concluo que todos os números são divisores de 120!

Este é o exemlo mais óbvio (erróneo, óbviamente) daquilo a que chamamos processo de indução. Embora não pareça, todo o processo de conhecimento passa pela concepção de modelos baseados em induções: conhecemos determinados fenómenos que agrupamos e classificamos, logo conseguimos prever e controlar o comportamento dos demais fenómenos semelhantes a estes.
Mas antes de nos aventurarmos sobre a estrutura em si dos modelos, pensemos em como é feito o nosso contacto com o mundo.

Temos os chamados sentidos: Tacto, Olfato, Paladar, Audição e Visão. Sem entrar em maior pormenores, conclui-se facilmente que os nossos sentidos necessitam do meio para interagir com os fenómenos perceptíveis: Vejo luz, não objectos; Quando toco em algo, na realidade estou a sentir a interacção electrónica dos meus átomos com os seus; O olfato e o paladar analisam as moléculas que chegam até as papilas receptoras; A audição interpreta a vibração das partículas do meio. Sendo assim, por trás dos fenómenos que observo existem objectos, que podem ou não corresponder àquilo que me é perceptível.
Talvez para total compreensão daquilo que me cerca seja relevante conhecer a verdadeira estrutura destes objectos, mas a partir do momento que o meu único intuito é explicar a realidade observável, torna-se completamente indiferente ir para além dos fenómenos, visto que só estes é que terão interacção connosco. Para a natureza dos objectos limitamo-nos a criar estes ditos modelos, que não passam de uma aproximação aberrante daquilo que conseguimos "ver" com os sentidos e nos permitem prever determinados acontecimentos.

Ao ver uma maçã, vejo na realidade a luz que é reflectida pela superfície desta maçã, mas isto já me dá informação o suficiente para "crer" que existe uma maçã por trás daquilo que vejo. Ao observar várias maçãs, retiro as principais características e induzo que todas as maçãs terão estas características próprias. Se a largar no ar, ela cairá, assim como qualquer corpo que seja largado sobre a superfície da Terra, o que me permitirá induzir que todos os corpos largados cairão sobre a Terra. Podemos sempre tentar falsificar o modelo ao procurar casos específicos que o contrariem, mas nunca encontraremos forma de afirmar a sua veracidade.

A maior limitação na criação dos modelos assenta-se em dois factores subjacentes à nossa falta de experiência: não podemos conhecer o suficiente para que as nossas induções sejam perfeitas, assim como há fenómenos que interagem com o meio, mas que não podem ser observáveis directamente. A impossibilidade de presenciar todos os fenómenos será sempre uma condição natural intrínseca ao nosso conhecimento, pelo que não há forma de supera-la senão com a aceitação de que todos os modelos terão a sua limitação. A impossibilidade de observar directamente certos fenómenos não é um factor muito comum no nosso quotidiano, mas tem sérias implicações no desenvolvimento de modelos mais complexos baseados no raciocínio científico.

Para compreender este facto, pensemos no seguinte exemplo:

Estou numa sala escura cercado de bolas que viajam à minha volta com determinada velocidade. Disponho de bolas com tamanho ligeiramente inferior que são reflectidas directamente para mim ao chocar contra outras, denunciando a sua posição, e esta é a única forma que possuo para conhecer o meio a minha volta. Quero determinar a posição de uma certa bola que viaja a uma determinada velocidade, então atiro a minha bola contra ela e espero pela reflexão. Neste momento terei uma medição extremamente precisa sobre a posição em que esta bola se encontrava, mas alterei a sua velocidade. Caso faça o mesmo para determinar a velocidade de uma qualquer bola, alterarei a sua posição, interferindo na observação. Este caso passa-se na realidade, mas a nível microcósmico: as bolas que quero detectar são partículas subatómicas e o meio que uso para detecta-las são os fotões - partículas que transportam a luz. A grandes escalas, devido ao tamanho ínfimo dos fotões, esta interacção não produz grandes alterações no que vejo, mas a pequena escala as observações pertubam o meio, pelo que fico impossibilitado de conhecer na perfeição os fenómenos em si.

Se considerarmos que todos os modelos criados têm como base a nossa imaginação, e a nossa imaginação está limitada à realidade perceptível, posso chegar à conclusão que não há forma de descrever modelos para fenómenos cuja natureza transcende aquilo que podemos conhecer. Neste caso afirmo que a natureza torna-se mais complexa do que aquilo que podemos imaginar, embora este não seja um facto limitador na construção dos modelos, visto que também disponho de ferramentas que transcendem a minha imaginação.

Imaginemos um número, como por exemplo, 7. Se tentarmos dar significado a este número chegaremos a uma infinidade de pensamentos paralelos, mas todos com o único padrão que se baseia na quantidade denotada por este número. Podemos extender este raciocínio a uma adição, como por exemplo 7+7, ou a uma multiplicação: 7*7, ou a uma potenciação: 7^7, e podemos introduzir tantos elementos lógicos quanto quisermos até que chegamos a um ponto em que a nossa imaginação não é capaz de alcançar a extensão destas operações, concluindo que a matemática é mais extensa que a imaginação no que trata a operações lógicas e atribuição de padrões!

Como visto, o acto de conhecer modelos passa basicamente pela noção de indução e classificação/padronização, pelo que a matemática torna-se um meio quase que indispensável para um conhecimento rigoroso dos fenómenos observáveis. Posso, mesmo nos casos em que não tenho acesso directo aos fenómenos, atribuir-lhes padrões, e através da padronização sucessiva e de processos de indução, criar modelos matemáticos que se aproximem cada vez mais da realidade observável. E o espantoso é ver como a realidade, inexplicavelmente, se ajusta tão bem à matemática na harmonia da interacção entre os seus diversos elementos: a matemática nos aproxima de Deus.


(continuará, um dia...)
Nada mais do que uma ensolarada tarde de verão. O Sol iluminava aquele jardim que há muito tempo parecia morto, intocado, e algumas rosas ainda sobreviviam ao flagelo do tempo, mostrando uma esperança rígida em sobreviver, dia após dia, entregues à sorte do destino. Aquele portal intimidador, mas abandonado, resquícios daquilo que provavelmente um dia fora um local cobiçado, bem cuidado, mas que agora não possuía uma alma que por ele zelasse. Alguns raios de sol ainda conseguiam trespassar a barreira dos cortinados escuros e pesados, avançando modestamente, dando alguma vida àquela sala escura. Uma mesa velha, imponente em suas formas, ainda com os castiçais postos e velas semi-ardidas, como se ali permanecessem eternamente a espera do próximo convidado, e como se não muito se tivesse ocorrido desde a última vez que alguém ali se serviu... As estantes sufocavam sob as intermináveis camadas de pó que ali se assentaram, e os intermináveis livros, ali, continuavam arrogantes, a reclamar os postos mais altos e contempláveis naquela casa que o tempo tinha esquecido.

Seguia-se um corredor escuro. À esquerda erguiam-se orgulhosamente quadros, retratos, exacerbações de glória e orgulho, apagadas pela escuridão mórbida do tempo e do abandono. Alguns castiçais erguiam-se à direita por entre as portas, quase perfeitas obras de artes em seus detalhes minunciosos, padrões complexos e bem elaborados imprimidos numa madeira quase eternizada, rígida e altiva, mas que na ponta já apresentava os sinais do desgaste, daquela pequena chama que tempo após tempo, conseguiu penetrar naquela solidez. Pouco mais a frente encontrava-se um espelho, ainda coberto pela espessa camada de pó que vagueava por toda a casa, mas que ainda reflectia a mesma imagem límpida e cristalina de há tantos anos atrás... Sua imagem quase que fala por si própria, é de uma melancolia tal que parece saber que estará condenada a ali permanecer, imutável e intocável, por toda a eternidade, sempre a ver o mesmo corredor, os mesmos quadros e sufocado sob a mesma quietude... Sob o espelho, acima duma pequena mesa que outrora servira de suporte a ornamentos, ainda perecia um velho incenso de jasmim, queimado até a metade, mas ainda impregnado da essência que um dia preenchia aquela casa com vida.

Chegou num carro desportivo vermelho, que ainda mais incandescente parecia em meio àquele Sol escaldante. Após percorrer aquela estrada de terra mal-terminada, estacionou o carro em frente à porta, e saiu, meio que hesitante e relutantemente, a ir de encontro com aquela casa que tão estranha impressão lhe causara. Tinha um ar distinto, elegante, embora não muito rebuscado. Sua face pouco apresentava sinais da idade, a barba por fazer indicava um desleixo que era logo abafado pelo estrondoso cheiro de seu perfume, um aroma sereno, tranquilo, embora arrojado e provocante. Suas vestes passam desapercebidas: sapatos semi-clássicos, calças de ganga e uma polo preta, que faz um bele contraste com a sua pele extremamente branca, albina, de alguém que pouco se expõe ao Sol. Seu cabelo não parece ser o mais perfeito exemplo de simetria, embora curto permanece sempre despenteado, às vezes coberto por um chapéu branco nos dias mais soalheiros.

Atravessou o jardim lentamente enquanto irritado, procurava a chave que lhe tinha sido dada em meio aos seus bolsos. Era singular, pesada, e mal cabia na palma de uma mão. O portal era igualmente exuberante, com uma maçaneta que já quase possuía teias após tantos anos sem quem lhe cuidasse. Enquanto entrava, uma sensação de perplexidade invadia-lhe a alma com a magnitude daquela casa, tão bela, tão morta e tão misteriosa. Andou em volta da mesa, tocando em cada castiçal, cada vela, apreciando cada desenho nos bordos das cadeiras e afastando algumas das teias que já se formavam no candelabro. Alguns livros logo lhe saltam à vista, Kant, Nietzsche e uma perfeita e organizada colecção de obras de Shakespeare.

Seguiu em frente no corredor, olhou cada quadro como se já o conhecesse antes, apreciou os traços e quase que iniciou uma conversa com aquelas obras de artes, enquanto andava em direcção àquele espelho que tanto chamava a atenção. Limpou superficialmente parte do pó nele depositado e parou frente a si mesmo, como se aquela imagem não fosse estranha, como se o espelho já o conhecesse, e após anos, parasse para o cumprimentar novamente. Após um tempo perplexo limpou o restante do espelho, tentando faze-lo voltar à cristanilidade original, àquela perfeição e simetria digna dos verdadeiros espelhos, mas o tempo já lá deixara suas marcas, irretornáveis... Talvez tenha se identificado com aquele espelho enquanto para lá olhava, após anos, o tempo também lhe deixara cicatrizes que nunca desaparecerão, marcas que se eternizarão consigo próprio. E sentia o doce sabor do silêncio, da quietude e do vazio que sobre aquela casa reinava, silêncio este que só era interrompido esporádicamente pelo agradável ruído que fazia o vento sobre as árvores em volta, produzindo um verdadeiro espetáculo de sombras, ora encantador, ora assustador, sobre aquele cortinado escuro.

Enquanto se distraía consigo mesmo, ouviu ruídos, passos talvez, e num movimento lento e hesitante virou-se, encontrando um pequeno gato acinzentado a rondar a sala, a procura de um roedor para sua refeição em meio ao abandono daquela casa, talvez. Dirigiu-se então para uma das portas, rodando a maçaneta e emitindo um som ruidoso, agudo, que lhe ecoava pelos tímpanos e lhe causava uma estranha sensação de ansiedade, enquanto abria lentamente a porta, para descobrir aquilo que lá dentro se encontrava. Passo a passo entrou no quarto, e o que viu não foi nada de invulgar. Uma cama por fazer, que ainda, miraculosamente, parecia guardar os contornos da última pessoa que lá se deitou, e chamou-lhe a atenção uma caixa repleta de cadernos e desenhos, provavelmente de uma criança.

Ajoelhou-se no chão face a esta caixa e limitou-se a vasculhar estes antigos documentos. Talvez uma vida inteira se encontrasse ali, romances, tragédias, comédias, cenas de um passado já intocado, de um agora que já foi vivido, intenso, mas que transformara-se em memórias encaixotadas, excertos esquecidos de uma existência. No fundo desta caixa encontrava-se um diário ainda muito bem conservado, já completamente escrito da primeira a última página, repleto de ideias e emoções. Limitou-se a ler, página a página, enquanto, por entre um sorriso e um franzir de testa, reinava um ar de perplexidade, admiração, permanecia ainda incrédulo. Lançou os braços sobre aquela cama desfeita, com o cuidado de não desmanchar a forma como encontrava-se desarrumada, encostou a cabeça sobre um dos bordos e limitou-se a pensar... e toda a sua linhagem de raciocínio culminou para um ponto em que só as lágrimas faziam sentido, e refugiou-se em sua fraqueza, foi buscar forças em sua submissão à realidade.

Lentamente voltou a dirigir-se àquele espelho, encarou-o e enxugou suas lágrimas, enquanto apreendia a forma do incenso com os dedos, sentia o seu áspero toque enquanto ainda podia apreciar resquícios daquela maravilhosa essência. Lentamente tirou um isqueiro dos bolsos, voltando a acender aquele incenso, deixando-o arder, minuto após minuto, até que chegasse ao seu fim inevitável. Hora e outra aquele perfume encantado das jasmins invadia-lhe os sentidos, desrespeitava a solidão que reinava, tapando aquele vácuo insuportável... Num inspirar forte o gosto sufocante da melancolia se transformava em liberdade, num desejo ardente de levantar as asas e voar, sem rumo, guiado pela anestesia sentimental que o perfume lhe trazia.
Neste ano o inverno tinha chegado mais cedo. E como em todos os anos, aquele lago transformava-se num sítio ideal para passar as tardes: o gelo espesso extendia-se por uma enorme planíncie, formando um verdadeiro tapete branco, liso e homogêneo. O sol parecia estar eternamente a pôr-se, a cada minuto que se aproximava daquelas montanhas que delineavam o horizonte parecia abrandar a sua marcha, como se estivesse relutante em deixar de iluminar aquela paisagem tão singular. E cada por-do-sol parecia mais mágico que o anterior, o céu era tingido de um encarnado vivo, e aquela coloração peculiar reflectia-se sobre o gelo de forma difusa, criando um belo espetáculo de cores.

Cerrou os olhos e bocejou, enquanto olhava com dificuldade para o fundo daquele tapete branco de gelo. Patinava com dificuldade, arrastando perna a perna num esforço constante. Seu desajeito era peculiar, muito dado à compreensão, raramente se dava ao luxo de viver os prazeres mundanos, de sentir a alegria de ver o seu corpo dominado pelos patins e de deixar-se levar naquela superfície escorregadia, e ainda estava longe de compreender o prazer nesta actividade. Neste momento só lhe interessava encontra-la, aquela bela figura de cabelos negros e olhos reluzentes, provavelmente escondida entre os rostos felizes, a deslizar graciosamente, flutuando sobre os seus finos pés.

Olhou ao seu redor novamente enquanto limpava as gostas de suor quase petrificadas com as luvas. Impacientemente, cruzou os braços e ficou a espera que ela o encontrasse, mas sem sucesso. Um bocejo, um suspiro, e via as horas a passar, o sol a esconder-se timidamente, os sorrisos a dissiparem-se em tons de cansaço, e pouco a pouco o lugar ficava vazio. Assim olhou em volta outra vez, e quando decidia retirar-se do local, reparou que as poucas pessoas que restavam começavam a amotinar-se, concentrando-se sobre um ponto isolado ao fundo daquele lago congelado, junto às margens de segurança, que delimitavam a área onde o gelo não era suficientemente espesso para ser patinado, como se algo estranho tivesse ocorrido. Relutantemente arrastou-se até lá, abrindo caminho em meio às expressões horrorizadas dos que assistiam à cena, parando, quase que inconscientemente, enquanto via as equipas de resgate em volta daquele buraco no lago congelado.

Largou as luvas no chão, e de tão assustado só o silêncio ecoava em si. Os gritos e os comentários das pessoas ao seu redor eram logo abafados pela adrenalina que afogava seus sentimentos, dor já não conseguia sentir, apenas medo, frustração, e uma vontade insana de desaparecer. Fechou os olhos, suspirou, e tentou compreender. Mas a realidade lhe escapara, os pormenores da dor eram demais para se encaixarem em qualquer modelo que tentasse construir. Sua imaginação ficara limitada à impotência de assistir àquele triste fim sem nada poder fazer para evitá-lo. Via-a pálida, cianótica, rígida, ausente daquele calor e da alegria que costumava irradiar.

Por tantas vezes já pensara sobre a morte, por tantas vezes via-a banalizada, assistia-a como uma estatística e divirtia-se com ela como um entretenimento. Neste momento pensava em como usamos a morte, em como, embora sendo a nossa única impossibilidade, o nosso único inalcançável, passamos a vida a ensair o momento em que já não viveremos. Mas sentir a morte, viver a morte, presenciá-la ser roubado por ela é algo que nunca pensara antes, e que sempre evitara pensar. Mas a única compreensão que obteve sobre a morte foi que esta é impossível, a vida é um pormenor transitório em meio à eternidade e infinitude que cercam o nada...

O nunca e o para sempre são dois conceitos inatingíveis para qualquer ser humano. Limitados à temporariedade da vida, nunca poderemos contemplar e compreender a infinitude, mas tememo-la. E de facto nascemos para o efémero e o intenso, nascemos sem intuito ou finalidade, e viver não é mais um direito do que uma obrigação. Não nos resta nenhuma outra hipótese senão aceitar e deixarmo-nos levar por este magnífico teatro que é a vida...

Neste momento acordou, a transpirar, assustado, numa respiração ofegante, receando a própria imaginação, livrando-se das falsas memórias de um sonho indesejado. Virou-se para o lado e sentiu o calor de um toque, uma mão percorreu-lhe o rosto e aquela voz que tantas vezes ouvira e muitas outras vezes mais ainda ouviria sussurrou um tenro "boa noite". Neste momento se sentiu agradecido por poder viver tal felicidade todos os dias, e voltou a dormir radiante, com um sorriso que o mais brilho dos escuros iluminaria.

Wednesday, March 01, 2006

Sessão de atormento de almas alheias desejosas de encontrar a verdade universal sobre a natureza da vida, do universo, e de todo o resto, parte I.



A resposta para a vida, para o universo e para todo o resto é 42. Isto é um facto óbvio e todas as pessoas estão cientes disso (ou ao menos os devotos de Douglas Adam).
Aparte este facto, também poderia dizer que a resposta para tudo está no livro de São Cipriano, assim como diria que está na Bíblia, no Corão, nos ensinamentos de Buda, nos Morangos com Açúcar e no rolo de papel higiênico perfumado de face dupla ali na casa de banho. Obviamente que algumas verdades são mais verdades que outras: é muito mais fácil crer no rolo de papel higiênico que tanto diz sobre a nossa natureza do que no livro de São Cipriano, a não ser que este seja feito de papel higiênico e tenha a mesma finalidade que este.

Pensemos antes em três questões:

A prova da veracidade de uma ideia implica a falsidade nas ideias contrárias?
A prova da não-veracidade de uma ideia implica a sua falsidade?
É-nos vantajoso classificar ideias em verdadeiras\não verdadeiras?

Obviamente que no senso comum existe uma linha muito bem delineada entre verdade e mentira. Se eu fiz algo, eu o fiz e pronto! Afirmar o contrário seria contraria a verdade, e logo, seria uma ideia falsa. Mas esta ideia não se aplica a todas as questões, podemos pensar num famoso paradoxo:
Imaginemos um relógio fechado em que não se tem acesso ao seu interior. Consigo observar o relógio, e através das observações ver quais são as consequências palpáveis do mecanismo interno do relógio, mas não consigo fazer nenhuma observação directa ao seu mecanismo em si, pelo que a minha concepção do seu funcionamento ficará limitada única e exclusivamente ao modelo que para ele conceberei.
Posso imaginar um modelo que explique o funcionamento do relógio de uma forma A, e desde que este modelo se ajuste às observações, posso afirmar a sua veracidade. Mas também posso conceber um modelo B que parte de pressupostos completamente opostos e que também se ajustam às observações. Qual dos modelos estará certo?
Caso eu afirme a veracidade de um dos modelos, não poderei simplesmente afirmar a falsidade do outro, visto que ambos têm o mesmo grau de precisão na apreciação da realidade. Mas também não posso assumir a veracidade dos dois modelos visto que ambos são contrários no que toca às suas estruturas. Sendo assim, chego a um impasse, concluindo que não posso afirmar a veracidade de um modelo pela forma como explica, mas posso sim julgar o grau de precisão nas explicações que dá, dando vazão a existência de várias "verdades" divergentes.

Agora imaginemos que o relógio começa a ser submetido a variações bruscas de temperatura. De repente os modelos que concebi começam a falhar e as suas previsões teóricas deixam de concordar com as observações, e neste ponto, posso concluir a não veracidade destes modelos. Introduzo então uma transformação onde passo a incluir elementos nestas ideias que fazem com que ela permaneça condizente com as observações, mas que pode ser exprimida da forma anterior para casos específicos de temperaturas normais. Sendo assim, o modelo será falso por não ser verdadeiro?
Posso não poder concluir a sua veracidade, mas também não posso concluir a sua falsidade, porque como visto, ele nos fornece resultados precisos em determinadas condições. Sendo assim, este modelo pode ser tido como verdadeiro sob determinadas condições, e estando limitado a estas fronteiras que lhe foi imposta.

Desta forma, visto que nunca teremos acesso à verdadeira natureza do objecto em questão, nunca poderemos assumir a completa veracidade dos modelos que criamos para explica-lo, e mesmo os modelos mais precisos a primeira vista terão sempre uma limitação intrínseca. Todos os modelos serão, então, verdadeiros e falsos ao mesmo tempo, pelo que o conceito de verdade em nada ajuda à classificação dos modelos, pelo que posso sempre recorrer ao conceito de limitado\não limitado.
As limitações são a maior dádiva que Deus nos deu. Graças à minha incapacidade em conhecer ao certo a realidade que me rodeia, fujo sempre às verdades, pelo que terei a certeza que todos os modelos construídos por mim serão limitados e por isso, terão de ser revisionados um dia. E é este o princípio que garante a não-estagnação do conhecimento, já que ao assumir que podemos possuir verdades absolutas, estamos na eminência de criar dogmas: modelos que dão não podem ser contestados.
Mas caso deixemos de considerar o conceito de verdade e passemos a servir-nos da limitação dos modelos, podemos sim classificar um dogma: estes sempre está limitado a si próprio, pelo que não posso extendê-lo ou especifica-lo a qualquer observação palpável, visto que uma contra-observação de hipotéticas previsões de um dogma poderiam por em causa a sua veracidade.

Assim, chegamos à conclusão de que todos os modelos são igualmente válidos desde que estejam em conformidade com a realidade observável, e desta forma não faz sentido falar na veracidade de um modelo, visto que todos têm um grau de limitação intrínseca. Sendo assim, posso classificar um modelo consoante a sua extensão e limitação, pelo que me interessa buscar então quais as falhas neste modelo que fazem-no ser limitado. Como não tenho verdadeiro acesso à natureza dos fenómenos que observo, esta busca será interminável e culminará numa assímptota, onde nos aproximaremos cada vez mais e cada vez com maior lentidão a um modelo que explique com coerência todos os factos observáveis.

Sunday, February 26, 2006

Imaginemos um oceano.




Imaginemos um grão de areia no fundo do oceano.








Imaginemos uma bactéria a viver neste grão de areia.







Imaginemos uma célula desta bactéria.








Aí está o planeta Terra.



E dentro dos átomos dos vacúolos (unidades de excremento) desta célula encontramos alguns pontos minúsculos que são alguns serezitos nojentos e feitos de carbono a gritar por atenção.
O maior problema dos seres humanos é algo que se chama felicidade. Na realidade, é um conceito que não tem definição, ninguém sabe como alcança-la, e aqueles que não a possuem não sabem como a perderam.


Se calhar por sabermos tão pouco sobre ela, é que ela é um problema.


Mas também sei muito pouco sobre os órgãos reprodutores dos gafanhotos africanos e nem por isso é um problema.


Algumas pessoas descobriram que com o movimento de algumas folhas de papel verdes conseguiam formular definições coerentes para esse termo: nomeadamente a usar grandes pedaços de metais pesados em partes visíveis do seu corpo, a ostentar posse de territórios vastos [é claro que a noção de vastos seria completamente destruída caso estes seres se apercebessem de que na realidade são apenas o átomo dum vacúolo duma célula duma bactéria situada num grão de areia perdido numa imensidão dum oceano cósmico] e a trocar fluídos com uma larga quantidade de pessoas do sexo oposto.

Obviamente, há seres que já descobriram o verdadeiro significado da palavra felicidade, mas estes enlouqueceram e suicidaram-se.

Algumas pessoas pensam que são donas deste sítio. Outras pensam que têm as soluções objectivas para todas as questões que possamos formular [é claro que estas já se esqueceram que vivem num vacúolo duma célula duma bactéria situada num grão de areia perdido numa imensidão dum oceano cósmico]. É claro que algumas destas questões são tão relevantes quanto saber pormenorizadamente a estrutura dos órgão sexuais dos gafanhotos africanos, e as respostas ainda conseguem ser mais asquerosas.

Mas ainda defendo a teoria [mt a estilo Douglas Adam] que se alguém, alguma vez, resolver revelar o significado da palavra felicidade para o mundo, será imediatamente internada e dada como louca por psicólogos e psiquiatras, visto que a descoberta deste conceito pelo mundo colocará em risco o emprego desta classe de
profissionais.
Oh, a coisa mais gira que existe é abrir um Jornal qualquer e ver uma senhora doutôra a dizer que nesta semana terei que investir nas minhas relações amorosas ou que terei óptimas oportunidades para a vida profissional. Sim, claro, porque de certeza que todas as pessoas do meu signo terão iguais oportunidades e passarão todas pelos mesmos problemas, até porque é muito comum haver senhores leoninos em Bangladesh com preocupações sobre o que haverão de fazer com a vida amorosa.

Mas de que a astrologia é uma fantochada, ninguém tem dúvidas, certo?

Para a desgraça de muitos e feilcida de outros, a astrologia e a astronomia um dia foram uma só "ciência". Costumamos passar o ônus da responsabilidade dos nossos problemas àquilo que desconhecemos, porque assim dá muito mais jeito, claro, visto que não podemos mudar o que está fora do nosso alcance e sendo assim mais vale não fazer nada, o que é sempre mais confortável do que o oposto. E o facto é que a culpa tem sempre sido das estrlas, é o desconhecido mais conhecido que possuímos (adoro os meus oxímoros forçados), e visto que há tantos gajos que passaram a vida a estudar cada um daqueles pontinhos brilhantes, até conseguimos inventar algumas histórias que até têm uma certa piada e no fim até fica uma coisinha poética, estética, que até faz sentido aos olhos daqueles que procuram uma forma de não ter que resolver os próprios problemas... AHA! (ou se calhar estou enganado e o digo só porque nesta semana a minha constelação se alinhou com uma outra e conspirou para que eu pensasse assim)

Isto lembra-me da famosa história do Oráculo Persa. Antes dos Persas invadirem a Grécia, o grande Líder (digo líder porque não me lembro do termo pra substituir Rei na tradição persa, e digo grande só mesmo por uma questão de ironia) consultou um dos seus oráculos para saber o que o futuro lhe reservava. A resposta foi bastante óbvia: "Um grande império irá cair"

d'uh,

e o império persa caiu.

Obviamente que havia alguns seres que saíam da monotonia das razões supremas e dos mecanismos universais com vontade própria e se limitavam a desenvolver modelos que conseguissem descrever o comportamento dos astros de forma lógica e cheia de padrões... A maior parte deles não tinham a pompa do Dr. Aristóteles e habitavam a linda ilha Jónica. A maior parte dos desenvolvimentos deste povo foi perdido quando os catholics deram cabo da biblioteca de alexandria e alguns axiomas só feitos no século XVII já tinham sido descobertos por eles 2 milénios antes.

(E depois há gente que ainda tem que invocar a lenda de Atlantida pra ter argumentos retrogressistas relativamente ao desenvolvimento da humanidade)


Hmm
e depois da idade média


vieram alguns senhores, nomeadamente Kepler, Galileu, Copernico, Giordano Bruno, Halley (etc.. etc.. etc...) que decidiram transformar a filosofia natural em física e fazer observações sem que fosse com o intuito de dizer aos reis preguiçosos na Europa o que haveriam de fazer...

A primeira abordagem matemática do problema das órbitas foi proposta por kepler (lei tão exacta que continuamos a estuda-la no secundário 3 séculos depois), e a ironia é que as observações na qual ele se baseou foram feitas por Tycho Brahe, que era o astrónomo (lê-se astrólogo que se tava a cagar pra astrologia) da corte dinamarquesa.

Depois disso,

veio um senhor chamado Isaac Newton, que inventou o cálculo diferencial (derivadas, primitivas, integrais, coisinhas fofas dessas), disse que quando faço força em algo essa coisa acelera, também disse que se eu der uma cabeçada na parede, a minha cabeça vai sentir tanta dor quanto a da parede e também disse q se eu empurrar algo e não houver nada a fazer atrito, isso vai seguir em movimento...

(damn, e por causa disso é tão famoso.. ¬_¬)

mas o que lhe deu a grande glória não foi isso, mas foi dizer q:

F= ma, F_ab = - F_ba, dv = 0 se F = 0

Basicamente o mesmo que está escrito ali, só q na língua universal da matemática.

Neste ponto os astrólogos já se sentiam mais contentes, visto que assim não precisavam de olhar para os telescópios para saber os trânsitos dos planetas, bastava aplicar alguns cálculos e voilá (sim, a partir daquelas 3 equações consegue-se fazer tudo)...

O irónico é que hoje todos os astrônomos hoje viraram físicos, a astronomia é feita por astrônomos amadores [ hoje qualquer um pode ter uma estrela com o seu nome, basta descobri-la x'D ] e os astrólogos já não sabem nada sobre astronomia!
Aliás, hoje para ser um astrólogo basta saber sobre tendências de mercado (sim, porque num mês onde há alta do preço dos barris de petróleo, obviamente que é fácil deduzir os ânimos alheios), com uma pitada de conhecimentos políticos e a retórica vaga e subjectiva que se assemelham mais a conselhos do que previsões.


E ainda hoje há quem confie mais na Maya (ou Maia, lá sei eu) do que nos físicos quando estes dizerm que o universo tem 11 dimensões espaço-temporiais (claro que o facto do universo possuir 11 dimensões é um facto mais que óbvio e perceptível [adoro a minha ironia-sobre-ironia]).

E ontem, quando uma nobre alma soube que eu tinha ido às olimpíadas de astronomia, ainda teve o atrevimento de perguntar se eu sabia fazer cartais astrais...



pff...

Wednesday, February 22, 2006

Este é um blog a sério.

Não vou enxe-lo com lamexices sentimentais e gotiquisses características, também não há praqui poemas pseudo-deprimentes e nem coisinhas esteticamente apreciáveis.

HA!

[acho eu]








[mas quem é que consegue definir o conceito de sério, afinal?]



























[Esta é simplesmente a faceta mais corriqueira e menos conhecida (que ironia fofa) do Sr. André]