Sunday, February 26, 2006

Imaginemos um oceano.




Imaginemos um grão de areia no fundo do oceano.








Imaginemos uma bactéria a viver neste grão de areia.







Imaginemos uma célula desta bactéria.








Aí está o planeta Terra.



E dentro dos átomos dos vacúolos (unidades de excremento) desta célula encontramos alguns pontos minúsculos que são alguns serezitos nojentos e feitos de carbono a gritar por atenção.
O maior problema dos seres humanos é algo que se chama felicidade. Na realidade, é um conceito que não tem definição, ninguém sabe como alcança-la, e aqueles que não a possuem não sabem como a perderam.


Se calhar por sabermos tão pouco sobre ela, é que ela é um problema.


Mas também sei muito pouco sobre os órgãos reprodutores dos gafanhotos africanos e nem por isso é um problema.


Algumas pessoas descobriram que com o movimento de algumas folhas de papel verdes conseguiam formular definições coerentes para esse termo: nomeadamente a usar grandes pedaços de metais pesados em partes visíveis do seu corpo, a ostentar posse de territórios vastos [é claro que a noção de vastos seria completamente destruída caso estes seres se apercebessem de que na realidade são apenas o átomo dum vacúolo duma célula duma bactéria situada num grão de areia perdido numa imensidão dum oceano cósmico] e a trocar fluídos com uma larga quantidade de pessoas do sexo oposto.

Obviamente, há seres que já descobriram o verdadeiro significado da palavra felicidade, mas estes enlouqueceram e suicidaram-se.

Algumas pessoas pensam que são donas deste sítio. Outras pensam que têm as soluções objectivas para todas as questões que possamos formular [é claro que estas já se esqueceram que vivem num vacúolo duma célula duma bactéria situada num grão de areia perdido numa imensidão dum oceano cósmico]. É claro que algumas destas questões são tão relevantes quanto saber pormenorizadamente a estrutura dos órgão sexuais dos gafanhotos africanos, e as respostas ainda conseguem ser mais asquerosas.

Mas ainda defendo a teoria [mt a estilo Douglas Adam] que se alguém, alguma vez, resolver revelar o significado da palavra felicidade para o mundo, será imediatamente internada e dada como louca por psicólogos e psiquiatras, visto que a descoberta deste conceito pelo mundo colocará em risco o emprego desta classe de
profissionais.
Oh, a coisa mais gira que existe é abrir um Jornal qualquer e ver uma senhora doutôra a dizer que nesta semana terei que investir nas minhas relações amorosas ou que terei óptimas oportunidades para a vida profissional. Sim, claro, porque de certeza que todas as pessoas do meu signo terão iguais oportunidades e passarão todas pelos mesmos problemas, até porque é muito comum haver senhores leoninos em Bangladesh com preocupações sobre o que haverão de fazer com a vida amorosa.

Mas de que a astrologia é uma fantochada, ninguém tem dúvidas, certo?

Para a desgraça de muitos e feilcida de outros, a astrologia e a astronomia um dia foram uma só "ciência". Costumamos passar o ônus da responsabilidade dos nossos problemas àquilo que desconhecemos, porque assim dá muito mais jeito, claro, visto que não podemos mudar o que está fora do nosso alcance e sendo assim mais vale não fazer nada, o que é sempre mais confortável do que o oposto. E o facto é que a culpa tem sempre sido das estrlas, é o desconhecido mais conhecido que possuímos (adoro os meus oxímoros forçados), e visto que há tantos gajos que passaram a vida a estudar cada um daqueles pontinhos brilhantes, até conseguimos inventar algumas histórias que até têm uma certa piada e no fim até fica uma coisinha poética, estética, que até faz sentido aos olhos daqueles que procuram uma forma de não ter que resolver os próprios problemas... AHA! (ou se calhar estou enganado e o digo só porque nesta semana a minha constelação se alinhou com uma outra e conspirou para que eu pensasse assim)

Isto lembra-me da famosa história do Oráculo Persa. Antes dos Persas invadirem a Grécia, o grande Líder (digo líder porque não me lembro do termo pra substituir Rei na tradição persa, e digo grande só mesmo por uma questão de ironia) consultou um dos seus oráculos para saber o que o futuro lhe reservava. A resposta foi bastante óbvia: "Um grande império irá cair"

d'uh,

e o império persa caiu.

Obviamente que havia alguns seres que saíam da monotonia das razões supremas e dos mecanismos universais com vontade própria e se limitavam a desenvolver modelos que conseguissem descrever o comportamento dos astros de forma lógica e cheia de padrões... A maior parte deles não tinham a pompa do Dr. Aristóteles e habitavam a linda ilha Jónica. A maior parte dos desenvolvimentos deste povo foi perdido quando os catholics deram cabo da biblioteca de alexandria e alguns axiomas só feitos no século XVII já tinham sido descobertos por eles 2 milénios antes.

(E depois há gente que ainda tem que invocar a lenda de Atlantida pra ter argumentos retrogressistas relativamente ao desenvolvimento da humanidade)


Hmm
e depois da idade média


vieram alguns senhores, nomeadamente Kepler, Galileu, Copernico, Giordano Bruno, Halley (etc.. etc.. etc...) que decidiram transformar a filosofia natural em física e fazer observações sem que fosse com o intuito de dizer aos reis preguiçosos na Europa o que haveriam de fazer...

A primeira abordagem matemática do problema das órbitas foi proposta por kepler (lei tão exacta que continuamos a estuda-la no secundário 3 séculos depois), e a ironia é que as observações na qual ele se baseou foram feitas por Tycho Brahe, que era o astrónomo (lê-se astrólogo que se tava a cagar pra astrologia) da corte dinamarquesa.

Depois disso,

veio um senhor chamado Isaac Newton, que inventou o cálculo diferencial (derivadas, primitivas, integrais, coisinhas fofas dessas), disse que quando faço força em algo essa coisa acelera, também disse que se eu der uma cabeçada na parede, a minha cabeça vai sentir tanta dor quanto a da parede e também disse q se eu empurrar algo e não houver nada a fazer atrito, isso vai seguir em movimento...

(damn, e por causa disso é tão famoso.. ¬_¬)

mas o que lhe deu a grande glória não foi isso, mas foi dizer q:

F= ma, F_ab = - F_ba, dv = 0 se F = 0

Basicamente o mesmo que está escrito ali, só q na língua universal da matemática.

Neste ponto os astrólogos já se sentiam mais contentes, visto que assim não precisavam de olhar para os telescópios para saber os trânsitos dos planetas, bastava aplicar alguns cálculos e voilá (sim, a partir daquelas 3 equações consegue-se fazer tudo)...

O irónico é que hoje todos os astrônomos hoje viraram físicos, a astronomia é feita por astrônomos amadores [ hoje qualquer um pode ter uma estrela com o seu nome, basta descobri-la x'D ] e os astrólogos já não sabem nada sobre astronomia!
Aliás, hoje para ser um astrólogo basta saber sobre tendências de mercado (sim, porque num mês onde há alta do preço dos barris de petróleo, obviamente que é fácil deduzir os ânimos alheios), com uma pitada de conhecimentos políticos e a retórica vaga e subjectiva que se assemelham mais a conselhos do que previsões.


E ainda hoje há quem confie mais na Maya (ou Maia, lá sei eu) do que nos físicos quando estes dizerm que o universo tem 11 dimensões espaço-temporiais (claro que o facto do universo possuir 11 dimensões é um facto mais que óbvio e perceptível [adoro a minha ironia-sobre-ironia]).

E ontem, quando uma nobre alma soube que eu tinha ido às olimpíadas de astronomia, ainda teve o atrevimento de perguntar se eu sabia fazer cartais astrais...



pff...

Wednesday, February 22, 2006

Este é um blog a sério.

Não vou enxe-lo com lamexices sentimentais e gotiquisses características, também não há praqui poemas pseudo-deprimentes e nem coisinhas esteticamente apreciáveis.

HA!

[acho eu]








[mas quem é que consegue definir o conceito de sério, afinal?]



























[Esta é simplesmente a faceta mais corriqueira e menos conhecida (que ironia fofa) do Sr. André]